terça-feira, 31 de agosto de 2010

174 - Alice nas Cidades (Alice in den Städten, 1974)


Filmes que trazem uma bela garotinha inquisitiva e desobediente terão sempre o seu charme. Como é o caso de "Sabine Kleist". Este é o primeiro filme da trilogia de filmes-viagem de Wim Wenders. Ele começa a abordar temas como a cultura americana, que tem um reflexo viral e alienante sobre o resto do mundo, especialmente a Europa daquela época.

A crítica à televisão, como ela é uma propaganda interminável e seus programas são propagandas adicionais disfarçadas. O personagem de Philip deve cuidar da pequena Alice até que sua mãe retorne. Existe muita beleza no fato de ele não a entregar de imediato a autoridades quando a mãe não aparece para buscá-la.

Como se o protagonista estivesse se opondo a toda aquela cultura que estava vivenciando, que registrava com sua Polaroid. Preste atenção que ele é simplesmente incapaz de escrever sua matéria a princípio. Como não houvesse ali história, como não houvesse naquele lugar plástico e inóspito algo que merecesse ser contado. Ele podia apenas olhar, e de uma forma julgadora. Eu, pessoalmente, prefiro este filme ao "Paris, Texas". Tem mais dos elementos que me comovem em cinema.

Nota: 10

173 - A Centopéia Humana (The Human Centipede [First Sequence], 2009)


Eis que numa noite chuvosa duas pobres garotas americanas decidem pedir ajuda a um alemão muito bizarro, depois de ter o carro enguiçado. Está aí o enredo do mais recente filme trash que assisti, o muito divertido Centopéia Humana. O filme acerta muito nas partes em que o ex-cirurgião explica como irá proceder na operação. Essa operação consiste em juntar três humanos em um só. Sim, você leu direito.

Desenrolam-se então situações inimagináveis. O diretor Tom Six pareceu querer homenagear esse gênero e o fez de forma bastante decente. Boa pedida para quem curte "terrir".

Nota: 8,0

172 - Une Femme de Ménage (2002)


Filme francês que fala sobre a relação de uma empregada e seu patrão. O conflito entre dois mundos não é o principal objeto explorado pela obra. Não está em questão a diferença de idade ou o background acadêmico. O filme parece nos querer mostrar simplesmente o que seria uma história que se repete interminavelmente.

Algo de vida real. Uma relação que, mesmo fadada ao fracasso (aos olhos de quem assiste), é levada em diante simplesmente porque as pessoas querem acreditar, querem gostar de acreditar. Ao final, sempre uma constatação agridoce de que as coisas não são bem assim.

Nota: 7,5

171 - A Skin Too Few: The Days of Nick Drake (2000)


"A Skin Too Few" tenta tornar um pouco conhecida a vida do cantor e compositor Nick Drake. Há pouca informação visual sobre sua carreira (para não dizer nenhuma). Registros de shows ou entrevistas eu nunca encontrei.

O documentário procura mostrar de forma muito breve sua trajetória familiar e musical. Momento especial são os produtores Kirby e Simon no estúdio nos mostrando o quão especial era sua técnica de tocar o violão, buscando peculiaridades harmônicas e os chamados "cluster chords".

Desnecessário dizer que a trilha sonora é belíssima. Escutamos "At The Chime of A city Clock" enquanto vemos imagens das ruas de Cambridge, por onde ele caminhava. Outro momento especial é o olhar sobre o quarto onde escreveu grande parte de sua obra. Imperdível devido à falta de material sobre o cantor.

Nota: 8,5

170 - I Am Curious (Yellow) (Jag är nyfiken - en film i gult, 1967)


Esse filme é mais importante pelo precedente que ele estabeleceu do que pela obra em si. Foi o primeiro filme a ousar exibir cenas consideradas pornográficas pelos censores da época.

É tido como o filme sueco mais visto na história. Acredito que isso se deva à sua obrigatoriedade em cursos universitários. O filme aborda temas recorrentes dos anos 60, como igualdade de direitos entre raças e mulheres, ditaduras, etc. A mim, com exceção das partes que são puro documentário, pareceu uma longa e aborrecida obra do diretor Vilgot Sjöman.

Nota: 6,0

169 - J'aurais Voulu Être Un Danseur (2007)


Esse filme é sobre seguir seu destino, quer você acredite nele ou não. É sobre um pai de família envolto nas suas responsabilidades cotidianas que descobre, ao assistir o musical "Cantando na Chuva", ter nascido para dançar.

O filme não cresce muito a partir daí. Algumas sequências de sonho com dança me pareceram bem breguinhas. Filme do diretor Alain Berliner, com os atores Vincent Elbaz e Cécile De France.

Nota: 6,5

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

168 - Splice (2010)


Gosto de filmes assim, que nos causam uma sensação mista, a boa e velha curiosidade com repulsa. A criatura de "Splice" tem forma humanóide e dois simples detalhes que servem para nos deixar incomodados durante todo o filme. Esse filme é uma produção canadense e conta com a participação dos atores Adrien Brody e Sarah Polley. Os dois são muito competentes.

O filme corre muito bem até o terceiro ato, em que tudo parece querer se resolver muito rapidamente e esse passo ligeiro acaba por deteriorar um pouco do clima que o filme construiu. Vale pela estranheza sensorial e reflexão sobre limites da ciência.

Nota: 8,0

167 - Peur(s) du noir (2007)


Eu simplesmente adorei este filme. Ele é completamente trabalhado em duas cores, o preto e o branco, e aborda temas sombrios e, como o próprio nome diz, o medo do escuro.

O filme é composto de três segmentos. O que mais me atraiu e me sensibilizou foi o primeiro segmento em que um garoto tímido e com uma intensa fixação sobre a vida dos insetos começa, ele próprio, a se transformar num gafanhoto quando conhece uma garota. Verdadeiramente fantástico, esse filme mexe com a gente.

Nota: 10

166 - Quer Dançar Comigo? (Voulez-vous Danser Avec Moi?, 1959)


Filme divertidíssimo com uma Brigitte Bardot ainda mais divertida. A leveza dessa jóia cômica do diretor Michel Boisrond é simples e eficiente. Parecia me anunciar essas comédias que surgiriam a partir dos anos 60 em diante. Ótima oportunidade de acompanhar a musa com uma performance adorável. Ela estava grávida nas filmagens.

Nota: 9,0

165 - Helvetica (2007)


Bom, Helvetica é um tipo de fonte. Sim, este é um documentário cujo objeto observado é uma fonte, dessas com as quais se realiza projetos de design gráfico e outras coisas.

É interessante descobrir, para quem não é da área, como a Helvetica está presente em quase tudo que vemos e consumimos. Eu mesmo não sabia quão abrangente era sua influência. No filme, pessoas envolvidas com a criação da fonte são entrevistadas, bem como outras que se opõem fortemente ao uso exacerbado desta categoria de fonte. Vale muito a pena conferir.

Nota: 9,0

164 - A Cigarra e a Formiga (Strekoza I Muravey, 1913)


Realizado em 1913, este curta traz a fábula épica da cigarra e a formiga. O filme é russo e utiliza técnica de stop-motion. A gente fica impressionado com a eficiência dessa técnica para a narrativa que ela se propõe. E se muito de vocês, como eu, leram essa fábula em livros infantis quando pequenos vão gostar de saber o verdadeiro final e verdadeira moral da história. Filme fantástico de arrepiar a espinha.

Nota: 10

163 - Pastoreio (2009)


Este curta aborda a vida de um funcionário da prefeitura de Curitiba. Seu trabalho consiste em cuidar de algumas ovelhas que vivem nos arredores da cidade. O filme tenta falar justamente dessa estranheza que nos causa esses belos animais que nos fazem perguntar o tempo todo "O que eles estão fazendo aí?".

Nota: 6,5

domingo, 29 de agosto de 2010

162 - Ponyo - Uma Amizade que Veio do Mar (Gake no ue no Ponyo, 2008)


Esse belo desenho nos traz a história da improvável amizade entre um garotinha e uma criatura do mar. O diretor japonês Hayao Miyazaki, imensamente respeitado pela sua obra em animação, realiza mais um projeto sensível.

Eu gostei muito do filme, mas apontaria como crítica um passo meio monótono na segunda metade do filme. O destaque está mesmo no design de personagens.

Nota: 8,0

161 - Fatal (Elegy, 2008)


Este filme foi baseado no romance Animal Agonizante (The Dying Animal), do célebre escritor americano Phillip Roth. Se você não o conhece, vale muito a pena ler O Complexo de Portnoy.

A história é muito boa e por si só já pode render um filme bem agradável. Mas acontece que estamos falando de Isabel Coixet. E se você acompanha esse blog sabe que já comentamos três filmes dela, entre eles o ótimo A vida secreta das palavras.

Aqui, Isabel não deixa de lançar o seu olhar extremamente sensível sobre uma trama que parece não caminhar para nenhum final feliz. Os atores Ben Kingsley e Penélope Cruz estão muito bem, estão convincentes e comprometidos com a obra. Não deixe de conferir.

Nota: 9,0

160 - Ao Cair da Noite (Les Bijoutiers du Clair de Lune, 1958)


Como já comentei no blog, Roger Vadim não faz a minha cabeça, mas Brigitte Bardot, sim. Esse é apenas mais um dos exemplos de filme em que não importava muito o enredo, não importavam muito as locações, menos ainda importava o elenco. Importava que esse era o próximo filme da Brigitte.

Com a trama bobinha e esquecível, assim que você der stop, você se lembrará apenas de coisas como "Esse é o filme em que ela aparece com a roupa rasgada de costas", "Esse é o filme em que ela aparece tomando banho rapidinho e saindo de toalha". É um filme para que você acompanhe o desenrolar da carreira de Bardot.

Nota: 6,0

159 - Amor ou Consequência (Jeux d'Enfants, 2003)


Esse filme é bem bonito. E acredito que tenha a intenção de falar sobre algo que não é pertinente ao cotidiano, aos projetos para o futuro, às regras e até mesmo relações amorosas.

O divertidíssimo jogo compartilhado pelas duas crianças nos faz acreditar num tipo de ligação um pouco maior entre duas pessoas. A gente começa assistindo o filme de uma forma e ele vai nos surpreendendo, minuto a minuto, até o final.

Esse é o primeiro filme do diretor Yann Samuell e conta com a atuação de Marion Cotillard, uma atriz sobre a qual elogios quilométricos nunca serão exagero. Não se trata de uma obra-prima, mas acho que a sutileza do tema está muito bem trabalhada, a gente consegue sentir a insignificância do peso burocrático da vida quando confrontada com algo tão pungente e real. Cap ou pas cap?!

Nota: 8,5

sábado, 28 de agosto de 2010

158 - Entre Irmãos (Brothers, 2009)


Este filme é uma refilmagem do dinamarquês Brødre. Trama simples e adaptada para a realidade americana. Um jovem vai à guerra e semanas depois é capturado como refém. A família acredita que ele está morto e isso abre espaço para a aproximação do irmão, tomado por rebelde, com a família do militar.

Esse filme não é muito legal, não. Senti estar vendo uma história já há muito conhecida e mal contada. O destaque é a exploração, mesmo que superficial, das sequelas provocadas por uma guerra, que sempre se prova inútil. Os atores não me pareceram envolvidos demais, não.

Nota: 6,5

157 - Nº 27 (2008)


Curta pernambucano de 2008. Esse filme tenta explorar aquela época frágil do colégio primário, em que convivemos com a auto-estima quebradiça. O estudante, protagonista, ao se encontrar numa situação que em épocas de escola pode ser considerada limite, percebe-se incapaz de tomar decisões racionais. Achei muito bonito como esse filme consegue explicar bem o fato de alguém que teme uma "morte social" ser incapaz de agir, totalmente impossibilitado de resolver uma situação que poderia ser simples.

Nota: 9,0

156 - Chico Xavier (2010)


É difícil. É bem difícil. Eu tento muito gostar do cinema brasileiro, mas talvez eu não conheça muita coisa, embora já tenha me decepcionado centenas de vezes.

Chico Xavier é uma biografia chapada que pode até ser interessante para quem ou não conhece nada sobre a história de Chico Xavier ou o idolatra como guia religioso. Algumas passagens são bonitas. É bem legal de assistir a caracterização feita a respeito do episódio em que Chico Xavier participou do programa Pinga Fogo.

O que acontece é que o filme não toca em nada que pode ser mais polêmico ou profundo, nada que nos possa levar a pensar em qualquer coisa sobre qualquer coisa. É uma mera passagem, é um folhear banal de uma revista. A gente fica lá querendo conhecer que pessoa foi ele e o filme fica lá nos dizendo "Olha como ele foi um santo".

Nota: 6,0

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

155 - O Escritor Fantasma (The Ghost Writer, 2010)


Adorei o novo filme do Polanski em que Ewan McGregor interpreta o ghostwriter para a biografia de um ex-primeiro-ministro britânico. O filme tem um ótimo tom de mistério em que as imagens cumprem bem o papel e contam a história de maneira bastante convincente.

Nota: 8,5

154 - Zigurate (2009)


Curta paulista que lança um olhar irônico sobre as classes sociais e a bobagem de se desejar a ascensão.

Nota: 7,0

153 - Evangelion: 1.11 You Are Not Alone (2010)


Continuação da saga Evangelion em que um adolescente tem que decidir rapidamente seu destino e ajudar a população de Tóquio a se livrar de ameaças monstruosas. Para isso, ele deve pilotar uma unidade de combate chamada Eva.

É, eu sei, não parece muito animador. Mas a animação é de encher os olhos, e eu não me canso de destacar esse senso de humor japonês que é absolutamente histérico. Há um só momento de humor total que me valeu uma gargalhada de dois minutos inteiros.

Nota: 7,0

152 - A Ressaca (Hot Tub Time Machine, 2010)


Eu esperava mais porque filmes de viagem no tempo costumam ser muito divertidos. Você pode não concordar, mas para comédia é um prato cheio. Apesar de ter alguns pouco momentos até hilários, o filme termina e deixa aquela sensação vaga de que nem começou ainda.

Nota: 5,5

151 - Alguns Motivos Para Não Se Apaixonar (Motivos Para No Enamorarse, 2008)


Filme argentino muito bobinho. Parece uma produção da Globo Filmes em que a comédia romântica em nada se diferencia de uma novela das 6. Os cenários são muito pouco convidativos e o filme passa uma sensação geral de ser mal feito mesmo. A atriz Celeste Cid tem muito carisma, mas não vai te fazer se interessar pelo filme.

Nota: 5,0

150 - Paparazzi (1963)


Documentário de Jacques Rozier que mostra a obstinação dos paparazzi em conseguir uma foto ou fala da musa ícone dos anos 60 Brigitte Bardot. Muito interessante de acompanhar o crescimento desse fenômeno bobo que é o culto a celebridade. Os paparazzi perceberam o filão e não perderam tempo, multiplicaram-se como coelhos com suas câmeras de teleobjetiva na mão.

O que achei mais legal do filme foi a narrativa em voz off na segunda pessoa. A gente assiste enquanto uma voz onisciente conversa com Brigitte. "Você está se acordando, você está saindo do hotel". De certa forma isso faz com que a gente se sinta meio que o protetor dela. Outro momento legal é quando o filme mostra uma montagem em que Brigitte fala à câmera entrecortada por falas dos próprios paparazzi.

Nota: 9,5

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

149 - Maldita Coincidência (1979)


Esse é o primeiro filme do diretor brasileiro Sérgio Bianchi. Não gostei, não achei a proposta de experimentalismo puro bem desenvolvida. As ideias que eu consegui identificar de crítica às classes sociais, que mais tarde seriam exploradas de forma mais intensa por ele, já estão presentes. O filme é extremamente cansativo e chato de se ver do ponto de vista estético.

Nota: 5,0

148 - Par Perfeito (Killers, 2010)


Em uma palavra: Horrível. Não estou brincando, o filme é horrível mesmo. E não porque não gosto desse estilo. Não se preocuparam sequer em construir boas piadas que são a única coisa que podem sustentar uma comédia romântica dos infernos quanto essa. Você não vai se divertir e passará por vários momentos de vergonha alheia. Na minha opinião Katherine Heigl é uma das atrizes menos interessantes que já vi em comédias românticas. Por que ela está se tornando a queridinha das comédias românticas permanece um mistério para mim.

Nota: 3,0

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

147 - Salt (2010)


Angelina Jolie está bem legal nesse filme de ação interminável. Há tempos eu não via um filme com tanta ação assim. Legal é que você acredita mesmo que ela é capaz de tudo aquilo que faz em tela. Diversão bacana.

Nota: 7,5

146 - O Rabo do Tigre (The Tiger's Tail, 2006)


Assisti esse filme por acaso e fui fisgado pelos primeiros momentos em que o protagonista encontra-se consigo próprio pela rua. Lembrou-me O homem duplicado de José Saramago. No entanto, ao contrário do livro, o filme não se interessa por questões filosóficas e fica na base do "meu sósia quer roubar minha vida". Nem bom, nem ruim.

Nota: 6,5

145 - Dia & Noite (Day & Night, 2010)


Animação linda da Pixar. Fique de boca aberta com a técnica desses animadores geniais. O dia e a noite competem entre si pra saber qual dos dois é melhor.

Nota: 9,0

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

144 - À Prova de Morte (Death Proof, 2007)


Quentin Tarantino homenageia o gênero de produção cinematográfica chamada Grindhouse. Achei muito divertido. Dá para dizer que o filme é dividido em dois filmes pequenos em que diversas referências a filmes B dos anos 70 desfilam pela tela. Kurt Russell está fantástico como Stuntman Mike, principalmente em algumas partes em que ele parece demonstrar um bocado de medo por trás daquela fisionomia inabalável. Fãs do diretor vão adorar, não tenho dúvidas disso, e leves admiradores, como eu, podem se divertir bastante.

Nota: 8,5

143 - Turista Espacial (La Belle Verte, 1996)


Um filme muito bonito da diretora Coline Serreau. Acompanhamos a saga de uma extraterrestre enquanto ela descobre a banalidade de nossos hábitos cotidianos. Uma oportunidade ótima para refletirmos, e com boas doses de humor. É também uma chance de conferir a talentosa Marion Cotillard quando tinha só 20 anos de idade. Este filme vai te agradar muito nos momentos finais.

Nota: 8,5

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

142 - A Origem (Inception, 2010)


A trama me lembra aquelas boas ideias que se tem preguiça de desenvolver mais profundamente. Algo como alguém que acaba de pensar um fio condutor interessante e pensa ser o bastante para impressionar o público. Não deixa de nos proporcionar uma reflexão sobre como se consome cinema hoje. Parece que pensar não faz parte do programa, da saída, e é até mesmo reprovável que o conteúdo consumido tenha algo além daquele momento sensorial. Ainda sobre sentidos, parecem pensar que nossa visão e audição já estão tão avacalhadas pela mediocridade que se consome, que o espetáculo visual e barulheira dos filmes estão alcançando níveis de pura irracionalidade.

Por intricado que seja o desenrolar do filme, não significa que a gente tenha que pensar. Parecem desdobrar-se infindáveis tentativas de impressionar a audiência enquanto o filme vai caminhando até seu final, mas nada adianta. A propósito, ficam em nossas cabeças várias questões não resolvidas sobre o enredo. Lembro de quando eu assistia "De Volta Para o Futuro II" e ficava pensando em como aquilo poderia acontecer e tudo meio que se encaixava, ou fazia sentido num aspecto puramente hipotético. Aqui, isso não acontece, e fica aquela sensação de que o filme está compulsivamente insultando nossa inteligência.

O elenco está muito mal aproveitado nesse filme ingenuamente pretensioso e raso do diretor Cristopher Nolan. Com exceção de Marion Cotillard (que, para mim, parece incapaz de fazer uma participação automática, indiferente), todos estão limitados de uma forma ou de outra. Ellen Page, muito apagada, parecia deveras desinteressada no que fazia.

Enfim, uma grande pena. Eu me interessei em ver o filme quando li algo à época de sua estreia nos EUA. Longo, com uma pompa exagerada e injustificada, "A Origem" decepciona bastante.

Nota: 5,5

domingo, 8 de agosto de 2010

141 - Amar É Minha Profissão (En Cas de Malheur, 1958)

Foi o melhor filme com BB que assisti até hoje. Tenho a impressão que estes filmes de que ela participou foram todos feitos para ela, como se quisessem experimentar nela uma roupa nova. Como ela se comportaria nesse próximo filme? Seu charme jogado funcionaria aqui? E quem sabe desse outro jeito?

Toda a aurea de símbolo sexual está justificada neste filme, em que os acontecimentos são pouco importantes. Existe apenas uma estória que se quer contar nos filmes de Brigitte: o que acontece com os pobres homens que se envolvem com ela.

Nota: 9,0

sábado, 7 de agosto de 2010

140 - São Paulo, Sociedade Anônima (1965)


Há um quê de cinema italiano circa início dos anos 1960 aqui. Muitos consideram o melhor filme brasileiro já feito. Eu digo a vocês, não sou nem de longe admirador do cinema brasileiro. Queria ter o prazer de mudar minha opinião.

Este filme dirigido por Luís Sérgio Person, a meu ver, procura explorar o efeito da cidade de São Paulo no personagem Carlos. Tudo muito compreensível, tudo muito bem amarrado. Sim, as atuações não são das piores (excetuando alguns figurantes que dão um show à parte ao fixar o olhar na câmera e outras coisas impagáveis). Walmor Chagas está bem. Eva Wilma está bem. Qual o problema então? O discurso soa vazio. Parece-me um filme exemplar que geraria outros tantos melhores no futuro, que poderia e deveria estabelecer um apuro no fazer cinematográfico brasileiro.

Deveria ser um exemplo de filme com potencial, mas tratando-se de nossa tradição de cinema, é exaltado além das medidas. Um sete fechado.

Nota: 7,0

139 - Tango (1981)


Animação polonesa do diretor Zbigniew Rybczynski. Técnica bonita, um loop em que novos elementos vão se integrando ao quadro principal numa muito bem sincronizada dança.

Nota: 9,0

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

138 - Histórias Extraordinárias (Histoires extraordinaires, 1968)


Seguindo nossa série "Bardot" (risos), temos aqui um filme muito interessante. Três diretores interpretam três contos de Edgar Allan Poe. O primeiro é o de Roger Vadim, o mais fraco e até, por que não?, o mais chato. Depois melhora, Louis Malle trás uma estória tensa com Bardot morena. Mas o melhor curta é o de Fellini. Um ator inglês está em Roma e é como se você assistisse "La Dolce Vita" num clima de cemitério.

Nota: 8,0

137 - Se Don Juan Fosse Mulher (Don Juan ou Si Don Juan était une femme..., 1973)


Se um filme em que a Brigitte Bardot atua é ruim, então, aprenda, a culpa nunca é dela. O diretor Roger Vadim, com quem ela já foi casada, é um dos mais desinteressantes que tenho visto (até agora). Aguardo assistir mais filmes para ter certeza. O take inicial com a música é muito legal.

Nota: 6,0

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

136 - Planeta Fantástico (La Planète Sauvage, 1973)


Uma técnica de animação belíssima, porém com alguns toques já datados. Isso não tira todo o encanto experimentado com a obra.

A estória é ótima de se ver, baseada levemente na ocupação soviética sobre a Tchecoslováquia. Trilha sonora criada pelo Pink Floyd.

Nota: 9,0

135 - Kurt Cobain: Retrato de uma Ausência (Kurt Cobain About a Son, 2006)


Aqui Kurt Cobain fala. E é apenas isso, mas é o suficiente. Tenho a impressão de que o filme foi feito para termos a sensação de conversar com ele ao telefone enquanto olhamos através de uma janela imaginária, que nos leva a cidades como Aberdeen e Seatlle.

Perguntamos-lhe sobre a infância, a primeira guitarra, os péssimos trabalhos diurnos. Uma conversa que vai entrando madrugada afora.

Nota: 9,0

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

134 - The Big Empty (2005)


Curta com a atriz Selma Blair. Ao ir no ginecologista, ela descobre que é oca por dentro, ou melhor, que lá dentro existe uma extensão do pólo norte. Pronto, consiga viver agora sem assistir esse filme.

Nota: 8,5

133 - Éden à Oeste (Eden à l'Ouest, 2009)


Excelente filme de Costa-Gravas com uma atuação brilhante de Riccardo Scamarcio, que constrói um personagem complexo e expressivo quase sem falar. O título do filme brinca com o nome do Hotel, Eden, em que chega o imigrante ilegal.

O sonho do ocidente desenvolvido o leva numa jornada a fim de chegar a Paris. A beleza desse filme está evidente em todas as cenas.

Nota: 9,0

132 - Viva Maria! (1965)


Louis Malle em péssima forma, ao menos na minha opinião. O tom político que o filme adota, depois de uma hora e em direção até o distante final, serve para jogar todo o esforço cômico do filme direto na lata do lixo.

Os bons momentos de diversão do começo dão lugar a um discurso piegas e um filme arrastado. Assista por um único motivo: Brigitte Bardot.

Nota: 4,5

terça-feira, 3 de agosto de 2010

131 - Gainsbourg, Vida Heroica (Gainsbourg, Vie Héroïque, 2010)


O grande e certeiro êxito desse filme é tratá-lo não como uma biografia tradicional, daquelas que parecem ter saído de um livro-texto padrão, mas como uma fábula. Uma fábula em que não há datas, não há amor aos fatos, mas há muito amor ao personagem reverenciado.

O diretor é o francês Joan Sfar que é um artista de comic books (desenhista, escritor), um dos mais influentes de sua geração. Ele deu vida a uma biografia ensolarada e fantasmagórica ao mesmo tempo, em que diversos elementos do universo dos quadrinhos dão as caras. O filme é arrebatador, principalmente quando você percebe que se trata de algo a mais do que uma mera cinebiografia.

Destaque para as belas mulheres que interpretam as musas da vida de Gainsburg. Agora, paremos por um momento para ficar embasbacados com uma das melhores entradas de personagem do cinema mundial, estou falando da entrada que faz "Brigitte Bardot", interpretada pela excelente atriz Laetitia Casta (sua entonação o fará acreditar que Bardot voltou às telas), trazendo à mão a coleira do seu imponente cão Collie, com a maquiagem carregada ao melhor estilo anos 1960. Acredito que Brigitte seja uma mulher tão impactante que sua entrada precisou durar o tanto que durou. Os quarenta segundos em que caminha pelo corredor do prédio de Serge, enquanto toca a música feita especialmente para ela (Gainsburg gravou esta canção que se chama "Iniciais BB") é irretocável. Essa cena só poderia ter saído da cabeça de um diretor homem (risos).

São esses e outros momentos que enfeitam de cerejas deliciosas o bolo que é este fime. A gente fica com uma sensação boa de que aqueles anos em Paris foram mesmo tudo que podemos imaginar. A figura de Serge foi bem representada pelo ator Eric Elmosnino, você perceberá uma semelhança incrível entre os dois. Estes filmes em geral sempre me impressionam do ponto de vista da direção artística. Diversão e emoção garantidas. Este também tem selo de qualidade aqui do blog 1000 filmes.

Uma curiosidade triste sobre esse filme é que a atriz Lucy Gordon, que interpretou o papel de Jane Birkin, cometeu suicídio pouco tempo antes de o filme ser lançado. O filme foi dedicado a ela. Talvez você já a tenha visto em filmes como "Bonecas Russas". Muito triste que isso tenha acontecido.

Nota: 10

130 - Uma Mãe Para o Meu Bebê (Baby Mama, 2008)


Tina Fey em grande forma nessa comédia típica do time Saturday Night Live. Destaque para diálogos estranhos e para a atuação abobalhada de Amy Phoeler.

Nota: 8,0

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

129 - A Festa Nunca Termina (24 Hour Party People, 2002)


Steve Coogan fantástico neste filme que mostra o renascimento da cultura pop e musical ocorrido na cidade de Manchester a partir do início dos anos 1980.

Bandas como Joy Division, Happy Mondays e New Order são mostradas numa tentativa apresentar aquele olhar dos bastidores. Eu, que nunca fui fã de nenhuma dessas bandas e que certamente as acho muito supervalorizadas, gostei bastante do comentário do narrador: "Havia apenas um gênio naquela cena, o produtor musical".

Nota: 8,5

128 - Prisão Selvagem (Jungle Jail, 2008)


Curta de animação divertido em que um improvável residiário encontra uma maneira criativa de meter medo nos seus colegas de cela.

Nota: 8,0

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