quinta-feira, 29 de julho de 2010

127 - Greenberg (2010)


Ben Stiller em papel dramático. O filme demora pra alçar vôo. Demora muito, na verdade. O destaque fica com a cena da festa no final. Um momento legal e divertido de conflito de gerações. Não é nem tanto conflito, é só uma ocasião em que diferentes gerações se encontram em suas diferenças intransponíveis.

O diretor Noah Baumbach, do bom "A Lula e a Baleia", tem talento e parece se interessar por esse universo de "amadurecimento fracassado" sempre com uma luz no fim do túnel, não importando quão tarde seja. Não é dos melhores dele. Regular e sem qualidades que o façam se destacar.

Nota: 7,0

126 - Little Man, The Way Girls Are (2006)


Um garotinho tenta descobrir todos os segredos desse desconhecido continente que é o sexo feminino. Curta bem humorado da Dinamarca.

Nota: 8,0

terça-feira, 27 de julho de 2010

125 - Os Homens que Encaravam Cabras (The Men Who Stare at Goats, 2009)


Pegue um ótimo título, para um filme baseado num livro bem interessante e bizarro de Jon Ronson, um elenco espetacular, recheado de atores engraçadíssimos e o que você tem. Uma bomba! Um horrível exemplar de filme sem graça, chato e longo.

Fiquei extremamente desapontado com esta obra. É desses filmes que a gente vai ver num estado mental de: "Sim, estou pronto para rir até doer!" Não acontece. Você espera, espera e pode até dar uma risadinha no momento em que a cabra cai morta no chão, e é só. E vai ser muito. Você perceberá que nada foi capaz de salvar o longa.

Nota: 4,5

124 - New Boy (2007)


Curta de Steph Green que versa sobre a chegada de um garoto africano numa escola irlandesa. Durante o dia de aula ele lida com hostilidades e é impossível não fazer o paralelo com sua antiga escola e contexto de guerra civil em que vivia.

Nota: 7,5

segunda-feira, 26 de julho de 2010

123 - Tabu (Towelhead, 2007)


Este filme podia se chamar Jasira, mas "Towelhead" (o título original), algo como cabeça de turbante, expressa bem o clima de xenofobia e descaso. O diretor e roteirista Alan Ball, também roteirista de "Beleza Americana", lança um olhar sobre a puberdade de uma garotinha de descendência árabe num bairro americano.

O trabalho da atriz Summer Bishil é muito bonito nesse filme, que não se faz nada pretensioso. Ela é o grande destaque do filme, trazendo bem os elementos de desejo e medo na medida certa ao personagem. Muito bom para termos dimensão de como conceitos de raça podem interferir no amadurecimento de uma pessoa.

Nota: 8,5

122 - Oktapodi (2007)


Divertida animação em que o amor entre dois polvos é posto à prova quando um deles é retirado do aquário que compartilham. Filme foi indicado ao Oscar de melhor curta de animação.

Nota: 8,5

domingo, 25 de julho de 2010

121 - Flickan (2009)


Sublime. O diretor sueco Fredrik Edfeldt filmou com maestria o roteiro da talentosa Karin Arrhenius.

Quando se encontra sozinha em casa, após terem seus pais viajado à Africa numa aparente cruzada contra a AIDS, e também depois de ter sua tia a deixado para tentar talvez sua última chance de ser feliz com aquele que diz amar, a garotinha do filme precisa aprender a se cuidar.

Uma trama mais simples seria impossível. A beleza está em cada cena que parece ter sido cuidadosamente fotografada para ser linda. Os imensos verdes da cidade de interior, o momento em que Blanca Engström (a principal, muito jovem e já talentosíssima atriz) se esconde por trás de alguma vegetação na praia a espreitar o garoto Ola, o momentos de solidão intensa em que se pinta de negra. Enfim, o trabalho de câmera, pode-se dizer, sendo bem clichê, é impecável.

É muito inspirador assitir a um filme sem exagero algum, que explora com aquele olhar escondido e insistente um tema tão universal quanto o amadurecimento e a constatação de que estamos mesmo sozinhos para cuidar de nós próprios. A cena final é de uma simplicidade poética esmagadora, dessas que, se você estiver entregue, pode romper em choro compulsivo.

Todo mundo se identifica com esse filme que não pode ser classificado como nada menos do que belíssimo.

Nota: 10

sábado, 24 de julho de 2010

120 - Um Grande Garoto (Charlie Bartlett, 2007)


Filme de temática adolescente muito legal. Sim, você pensou certo: "Isso é raro demais." Aproveite o talento do jovem Anton Yelchin, que é de um carisma impressionante. Ele já atuou em "Alphadog" onde fazia o papel de um garoto sequestrado de quem todos acabavam gostando.

Outra atuação igual de Robert Downey Jr. Soou como crítica, mas nem sei, é como se você estivesse vendo um velho conhecido na tela, e sabe de todos os seus maneirismos. No filme em questão isso é bom. A trama é divertida, fala da vontade de ser popular a qualquer custo e de, ao final, perceber que há coisas mais importantes na vida. Nenhuma supresa. Nem deveria ter. O filme se destaca com Anton e com as questões adolescentes melhor exploradas do que a maioria dos outros filmes que miram a mesma coisa.

Nota: 8,0

sexta-feira, 23 de julho de 2010

119 - Alpha Dog (2006)


A crítica não perdoou Justin Timberlake em sua atuação. Eu discordo, o jeito relaxado e divertido dá tudo o que é necessário para a gente entender que ele não tem a dimensão do problema em que está se metendo, de que ele é um desmiolado mesmo. Outro filme que vi com ele foi "Guru do Amor" e, aí sim, podem descer o pau, tá horrível.

Aliás, é um elenco marcado por várias participações inusitadas. Alguns nomes mais conhecidos são Bruce Willis, Sharon Stone, Harry Dean Stanton. Ótimo momento de Anton Yelchin, que lhe renderia convites para diversos filmes.

A trama é baseada na história de Jesse James Hollywood, um traficante de drogas que se tornou o mais jovem na lista internacional de "mais procurados". Ainda tem tempo para uma participação especialíssima de Amanda Seyfried por uns 6 minutos mais ou menos. Quem não gosta dela?

Nota: 7,5

quinta-feira, 22 de julho de 2010

118 - Zabriskie Point (1970)


A impressão é de que Antonioni é incapaz de produzir uma imagem cinematográfica que desagrade os olhos. Mas como obra "Zabriskie Point" não é um primor. Cenas marcantes como o momento da sedução do jovem casal enquanto um está no carro e o outro num avião é belíssima. É dessas que você nem nota que o tempo tá passando de tão cativantes que são.

O recheio do filme é que parece estar um pouco fora do lugar. Tem gente que acha os filmes de Antonioni lentos e enfadonhos. Eu não acho, mas esse peca um pouco e acaba dando razão ao comentário. Os atores parecem também estar perdidos, meio sem saber o que estão fazendo nesse filme (não são atores profissionais). No final, vale conferir como uma obra que integra o conjunto de um grande diretor.

Nota: 6,5

quarta-feira, 21 de julho de 2010

117 - A Caixa (The Box, 2009)


Baseado no conto de Richard Mateson (conto este que também virou, em 1985, um segmento do Twilight Zone), "A Caixa" começa com aquele clima maravilhoso de mistério absurdo que povoava todos os capítulos do Além da Imaginação.

O roteiro vai se desenvolvendo de forma bem amarrada. Nós ficamos "on the edge of the seat" durante todo o começo e mais um pouco. Depois disso, o diretor Richard Kelly, mesmo de Donnie Darko, quis acrescentar alguns elementos seus, onde achava que a história original ficava sem força.

Verdade seja dita, o conto original não vai muito além do mistério inicial, mas acho que ainda consegue fechar melhor do que o filme. Há um tom fantasioso que é adotado, uma trama intricada com aspectos paranormais para explicar o porquê de todo aquele absurdo. Prefiro que fique sem explicação se for assim. Mas continua valendo a pena. Cameron Diaz muito legal no papel.

Nota: 8,0

116 - O Buraco da Agulha (The Eye of the Needle, 1981)


Donald Shutterland está ótimo nesse thriller de guerra baseado no livro de Ken Follet. O filme começa de uma forma e vai encaminhando para outra. Pensamos que vamos assistir a um clássico da guerra e ao fim nos deparamos um filme de psicótico killer. Fora essa virada legal, não há muito mais que chame atenção aqui. Pode passar.

Nota: 6,0

terça-feira, 20 de julho de 2010

115 - O Mago (The Magus, 1968)


"O Mago" não está muito interessado em te explicar o que está acontecendo, não. E justamente por isso foi extensivamente criticado na época de sua estreia. O próprio Michael Cane admitiu se tratar do pior filme no qual estivera envolvido.

Levando só o "entender" em consideração, o filme realmente vai ser bem decepcionante. Fiquei um tanto cansado enquanto assistia, mas logo desisti de qualquer compreensão do enredo. Comecei a achar interessante a forma como cada vez a situação se apresentava de maneira diferente. Mas, ok, isso não foi o bastante para salvar a obra.

Tudo vai escalando para um final ainda mais incompreensível do que você poderia imaginar. O último take é algo vergonhoso. Curioso também é que Michael Cane usa mais maquiagem do que as duas mulheres do filme juntas. Assista por curiosidade. Filme baseado no livro do autor John Fowles, que também escreveu "O Colecionador", já comentado aqui no blog.

Nota: 6,0

segunda-feira, 19 de julho de 2010

114 - Saraband (2003)


Último filme a ser realizado por Ingmar Bergman traz o célebre casal de "Cenas de um Casamento" após aproximadamente trinta anos. Um filme muito bonito e simples. A relação de Josef com seu filho, um professor de música que perdeu o encanto por viver, é de partir o coração.

Liv Ullman brilhando muito na tela. Não sei se por que eu sabia ser o último, mas o filme tem um clima de despedida, algo de redenção, o que não significa que tudo acaba bem... Pois é, é como a vida.

Nota: 9,0

113 - Invictus (2009)


Este filme de Clint Eastwood, na minha opinião, cai num buraco enfadonho e piegas e não consegue mais sair de lá. Explorar um personagem como o de Mandela envolve o risco de se ficar prestando homenagens, mostrando que grande figura ele foi, o que no final das contas não vai beneficiar o filme como um todo.

O fato de que o time de rugby sul-africano foi campeão do mundo em 1995 com o incentivo muito presente do presidente pode mesmo ter sido muito emocinante, mas toda essa emoção se perde quando você percebe que faz vinte minutos que está assistindo a um jogo de rugby dentro de um filme. Você fica querendo passar logo para o final, para ver todo mundo feliz e pronto, cabou. Se isso acontece, todos sabem, é porque o final não é bom.

O destaque fica com o início que é promissor. O take inicial com jovens brancos praticando rugby de um lado e os negros jogando futebol do outro me pareceu ótimo. As boas ideias terminaram por aí. A atuação de Morgan Freeman é boa. Outro ator poderia ter entrado ainda mais no clima de reverência e estragado tudo completamente.

Nota: 6,0

domingo, 18 de julho de 2010

112 - Heima (2007)


Esse documentário vai te agradar muito mais se você for fã da banda Sigur Rós, isso é óbvio. Mas se você não tem o hábito de escutá-los e nem os acha a grande sacada da música contemporânea, como eu, ainda pode gostar muito do filme.

Belas imagens da terra natal da banda, a Islândia, são apresentadas, entrecortadas com comentários, depoimentos e histórias dos integrantes da banda e de gente que participou de forma direta ou indireta no processo de formação do conjunto. O momento é o final de uma grande turnê internacional, por volta de 2006, e eles decidem realizar alguns shows gratuitos e especiais para o público islandês. Bonito.

Nota: 8,5

111 - Stanley Kubrick: Imagens de uma vida (Stanley Kubrick: A Life in Pictures, 2001)


Não tem erro. Aqui é sentar e deixar a mágica acontecer. Como documentário o filme é muito bom, o formato escolhido de mostrar todos os filmes realizados por Kubrick enquanto vamos conhecendo curiosidades de seu processo criativo satisfaz fãs e interessados.

É confortável assistir os depoimentos de gente como Martin Scorsese, Woody Allen e Jack Nicholson. Você termina o documentário com vontade de rever toda a obra do grande Stanley Kubrick. Obrigatório para fãs.

Nota: 9,0

sábado, 17 de julho de 2010

110 - Um Cão Andaluz (Un Chien Andalou, 1929)


É o primeiro filme de Luis Buñuel. E ele não poderia ter estreado de maneira melhor, contando com a presença luxuosa no roteiro de ninguém menos do que Salvador Dalí.

O filme de 1928 é considerado o primeiro a abordar temas surrealistas. Assista e fique impressionado com o impacto que esse filme te causa. Imagens fortes, bem fortes, vindas de um anos 20 que você nem sabe que existiu. O filme termina, mas não te deixa. Sublime.

Nota: 10

sexta-feira, 16 de julho de 2010

109 - Ilha do Medo (Shutter Island, 2010)


Acho muito legal essa dobradinha Scorcese e DiCaprio. "Ilha do Medo" é um filme ambientado nos anos 1940 e traz toda a aura dos filmes noir. Um grande mistério vai escalando até a revelação surpreendente, mas que pode deixar você com a sensação de "eu já sabia desde o início". Não é o que importa no filme.

A direção bela e muito técnica do filme dá o recado e o faz flutuar bem acima do típico filme com revelação mirabolante no final. Leonardo DiCaprio é um ator bem legal e convincente, sempre com novidades interessantes. Vale a pena.

Nota: 8,5

108 - Blow-up - Depois Daquele Beijo (Blowup, 1966)


O conto de Antonioni sobre a geração desinteressada. Imagens soberbas e muito pouca coisa acontecendo para falar de mais coisas do que se pode. O protagonista, como você vai logo perceber, é a figura mais carente de simpatia que eu já vi. Você não vai gostar dele e talvez isso seja proposital.

Ninguém que aparece durante o filme parece estar preocupado com alguma coisa. O crime que acontece, ou que é descoberto por meio de uma observação meio acidental de fotografias, nunca toma o foco principal, parece um borrão insignificante num mosaico bem maior.

É muito bonita, ao menos para mim, a forma como tudo vai caindo no esquecimento, em todas as cenas. No show de rock, o esforço do protagonista para pegar a guitarra, apenas para um segundo depois significar nada. Antonioni parecia estar querendo comunicar algo sobre a geração da swinging London, mas obviamente o paralelo ainda é atual e a gente pode se perguntar se a cultura da superficialidade não avançou um bocado ainda maior nesses quarenta anos.

Nota: 9,0

107 - A Sociedade do Espetáculo (La Société du Spectacle, 1973)


Filme baseado no livro homônimo de Guy Debord, dirigido por Guy Debord e narrado por Guy Debord. Não será estranho se você tiver a leve sensação de que está sendo catequizado na filosofia marxista.

À parte isso, parece uma boa alternativa para quem nunca vai ler o livro inteiro, hein? Ideias muito bem construídas sobre como deixamos de pensar nas coisas em si para pensar apenas em suas representações midiáticas dão muito pano pra manga e você pode passar a tarde inteira pensando sobre os assuntos abordados no "livro-filme". Já terá valido a pena.

Nota: 8,0

quinta-feira, 15 de julho de 2010

106 - Cinema Paradiso - Versão do Diretor (Nuovo Cinema Paradiso, 1988)


Este filme de Giuseppe Tornatore, vencedor do Oscar de filme estrangeiro de 1989, é marcado pelo uso habilidoso da emoção. O risco de cair na breguice é altíssimo e você pode até se perguntar num momento ou outro se está assistindo uma novela.

O trabalho do garoto Salvatore Cascio é muito bonito. Ele faz uma participação breve no que seria o filme seguinte do diretor, já comentado aqui no blog, "Estamos Todos Bem". A ambientação do filme é muito bem feita, num interior italiano do pós-guerra, e com personagens super divertidos.

Filme belíssimo. Não deixe de conferir a versão do diretor, que tem cinquenta minutos a mais, totalizando 2h50min de filme.

Nota: 9,0

105 - Coração Louco (Crazy Heart, 2009)


Atuação divertida e calorosa de Jeff Bridges que lhe rendeu um Oscar de melhor ator. O filme conta a história do artista country Bad Blake. Desses temas clássicos do cinema americano em que o indivíduo consegue dar a volta por cima. Mas não se perde em tom piegas.

Nota: 7,5

104 - A Tortura do Medo (Peeping Tom, 1960)


Michael Powell faz um trabalho bem legal nesse filme, mas... Sinceramente? Para mim, o filme envelheceu horrivelmente. Acho que o melhor momento é o começo, o olhar da lente sobre a vítima, representada por Brenda Bruce. Há também mérito na cena da segunda morte. Depois disso todos os elementos vão convergindo para uma dança repetitiva.

O argumento da estória é desses que morrem depois de meia hora, então por que não fazer o filme mais curto? O mérito está mesmo na fotografia que causa um impacto legal quando estamos no quarto de revelação fotográfica do protagonista. Acho que nunca um psycho killer foi tão superficial assim. Como sempre dizem, o filme pode ser ótimo no aspecto técnico, mas se o roteiro é bobo, o filme é bobo.

Nota: 6,5

quarta-feira, 14 de julho de 2010

103 - Sr. Ninguém (Mr. Nobody, 2009)


A alegoria de Jaco van Dormael sobre a importância do tempo, ou melhor, das escolhas, já que sobre elas nós temos algum controle, flui muito bem. Confesso que quando descobri esse filme achei que ele tinhas todos os elementos para ser genial. Fui assistir esperando uma outra coisa, uma abordagem mais voltada à condição humana. O aspecto humano está lá. Só um pouco mais leve do que eu esperava (é o que dá assistir Bergman demais...).

Jaco parece ter semelhanças com o diretor francês Michel Gondry, um fraco pelas imagens e efeitos criativos. Acho muito que o filme poderia ter sido bem melhor do que foi, mas também não fez feio. Destaque para os momentos em que o protagonista é criança e depois adolescente às voltas com suas escolhar amorosas.

Embora seja longo, quase duas horas e vinte de filme, não pesa sobre a gente. Ponto pro Jaco. No final, é um filme muito bonito que pode ter um efeito positivo em nós, fica algo de esperança, mesmo que ele tenha tentado imprimir um tom agridoce.

Nota: 8,5

102 - Beatrice e o Monstro (No Such Thing, 2001)


Mais um filme de Hal Hartley. Dessa vez ele lança um olhar sobre a fábula da Bela e a Fera. Mas obviamente esse é apenas um paralelo fácil que farão todos que assistirem ao filme e que não traduz nada do que é a obra.

Não há mensagem específica e é muito legal ver o que vai acontecendo quando um monstro é trazido a Nova Iorque. A leitura é que nos dias de hoje ele seria o personagem de um grande reality show que, por alguns dias, captaria a atenção de todo um país... mas só por uns dias; pois até um monstro não seria capaz de prender a atenção de um povo tão habituado com o espetáculo midiático.

Nota: 7,5

101 - O Livro da Vida (The Book of Life, 1998)


Filmado em vídeo digital, "The Book of Life" acompanha Jesus em sua decisão de "acionar" o apocalipse ou não na virada do milênio. Hal Hartley tem uma maneira toda particular de conduzir estórias estranhas enquanto tentar lançar um olhar com base em questionamentos filosóficos.

Diria que o amadorismo proposital com que foi filmado me distraiu um pouco, não cativou. Não há cuidado nenhum com composição de cenas e aspectos mais técnicos. Uma curiosidade é a cantora P.J. Harvey como Maria Madalena. Dizer se ela é boa atriz ou não é tarefa difícil uma vez que ela passa o filme inteiro praticamente calada e inexpressiva.

O final é legal, e os momentos que deflagram Jesus como um ser humano. Nada demais, no entanto. Embora seja bem curto o filme ainda consegue cansar. Pareceu-me um argumento legal para se explorar e foi um tanto decepcionante.

Nota: 6,5

100 - Senhorita Julie (Fröken Julie, 1951)


Um importante momento do cinema sueco. O diretor Alf Sjöberg deu vida na tela à peça do imortal August Strindberg e foi inovador. Há momentos incríveis em plano-sequência onde se mistura os tempos da narrativa (técnica que influenciaria outros diretores no futuro). Não só se sai do passado para o presente, mas ainda no presente é possível ver um personagem do passado se distanciando, gerando um importante e peculiar fator sensorial.

A estória é singela, mas forte. Atuação marcante da atriz Anita Björk. Assista a esse ótimo exemplo de cinema e procure atentar aos elementos que deixariam mais marcas nos anos seguintes. Há alguma coisa de Ingmar Bergman também, e podemos compreender que saia daí sua tradição de fazer filmes.

Nota: 9,0

terça-feira, 13 de julho de 2010

99 - For The Bible Tells Me So (2007)


A loucura evangélica está de volta, atropelando a todos que ousarem se pôr em seu caminho. Ótimo documentário sobre os efeitos da cegueira da religião quando trata de sexualidade. O filme acompanha depoimentos de familiares que foram pegos de surpresa quando um filho ou filha admitiu ser homossexual a despeito dos ensinamentos religiosos de sua família.

É engraçado ver que quase todos os pais admitem que já sabiam o que se passava com seus filhos. São explorados os fatores que ocorrem quando um pai rejeita um filho(a) por sua opção sexual. Há até o mais extremo dos casos, em que uma mãe perdeu sua filha quando esta se suicidou ante tanta rejeição.

Mais um documentário para abrir os olhos e alertar as pessoas que acreditam ser escolhidas por Deus para estabelecer suas regras aqui nesse mundo.

Nota: 9,0

98 - O Pequeno Nicolau (Le Petit Nicolas, 2009)


Baseado no livro infantil francês, criado por René Goscinny e ilustrado por Jean-Jacques Sempé, este filme é um exemplo maravilhoso de como transpor a atmosfera de um livro para um filme.

Os personagens estão todos impecáveis. O pai de Nicolas, com seu jeito brigão, a mãe sempre preocupada e o pequeno Nicolas sempre "viajando na maionese". Eu já tinha o exemplar do livro em francês e fiquei contente com o lançamento do filme. Rola sempre um medo de decepcionar, mas não é o caso. Desde a introdução, em que vários elementos dos contos já são apresentados, passando por uma maravilhosa arte visual com as ilustrações de Sempé, o filme não dá uma nota fora da escala.

Sublime, leve e um filme infantil de responsa, como eu absolutamente nunca vi. Geralmente os filmes infantis tendem a pensar que as crianças são seres imbecis e incapazes. Filme altamente recomendável.

Nota: 10

segunda-feira, 12 de julho de 2010

97 - Eclipse (The Twilight Saga: Eclipse, 2010)


Você entende já de cara que esse filme não foi feito para você, mas para a menina ao lado que tem o nome "Jacob" pintado em uma bochecha, e "Edward" na outra.

A direção anda mais emo do que nunca, com longas cenas de Bella Swan dividida na sua escolha cruel. Jacob sem camisa em nove das oito cenas em que aparece. Ponto alto para a piadinha em que Edward pergunta se seu rival não possui uma camisa. Ah, e ponto alto também para Kristen Stewart. Ela é uma atriz bem legal que ainda vai superar toda essa fase crepuscular.

Há uma cena constrangedora de ridícula, mas que certamente nutriu os sonhos de milhares de adolescentes ao redor do mundo, em que Jacob aquece Bella com seu corpo porque o namorado Edward, sendo um vampiro, é muito frio para a tarefa.

Os efeitos estão cada vez mais bem produzidos e ninguém duvida de que está entrando muito dinheiro nessa série. O filme acaba sendo bem divertido, mas acho que não pelos motivos certos...

Nota: 5,0

96 - A Colheita Maldita (Children of the Corn, 1984)


Baseado no conto homônimo de Stephen King, "Colheita Maldita" empolga nos primeiros minutos. Exatamente até a parte dos créditos iniciais. Depois daí despenca vertiginosamente até o desinteresse completo de quem está assistindo.

Há um efeito especial no fim do filme que não envelheceu nada bem e parece terrivelmente ridículo. Destaque para o menino malígno, mas acho que o ponto foi pro casting por escolher um garoto tão feio assim.

Nota: 4,0

domingo, 11 de julho de 2010

95 - O Lobisomem (The Wolfman, 2010)


Extremamente horrível e nada recomendável. Não alugue, não baixe, não assista. Dá pra entender a intenção do diretor Joe Johnston de tentar fazer um 'filme antigo" em 2010.

O logo da Universal Pictures estilizado aos anos trinta já dá o recado no início do filme. Parece interessante... Não é. Grandes atores como Benício del Toro e Anthony Hopkins parecem cansados na tela, desinteressados, esperando que seus respectivos lobisomens em CGI assumam o comando.

Nota: 3,5

94 - Adventureland (2009)


Kristen Stewart de volta, querendo se dissociar da saga Crepúsculo. O filme é do mesmo diretor de Superbad. Explora menos o lado cômico de ser adolescente e concentra-se em momentos importantes de transição. Detalhes legais do protagonista em momentos solitários e sua narração.

O filme é uma coleção de personagens engraçadinhos dos anos 80. Todos trabalhando num parque de diversões um tanto quanto decadente. Acima da média de quase noventa e nove por cento das comédias produzidas atualmente. Vale a pena.

Nota: 8,5

sábado, 10 de julho de 2010

93 - Consuming Kids - The Commercialization of Childhood (2008)


O documentário explora o aumento de publicidade voltada às crianças ao longo dos anos. Interessante o caráter informativo, embora carregue um pouco do clima de especias de TV do tipo "quero convencê-lo".

Fica claro que corporativas sem escrúpulos apostam sempre num público renovado e sem nenhum poder de pensamento crítico. Enfim, a publicidade de produtos mercadológicos já é em si mesma uma praga manipuladora, imagine os danos que causam quando são direcionadas às crianças.

Nota: 7,0

92 - Surpresas do Amor (Four Christmases, 2008)


Vince Vaughn dá o tom dessa comédia muito legal. Ele é mesmo o que salva o filme de ser um desses oportunisatas de natal, como um horroroso que vi há uns anos com Tim Allen.

O estilo cômico de Vince com textos que divergem da situação de cena e rápidos estão muito bons aqui, impede o filme de ficar monótono. Mas no final das contas, vence a breguice hollywoodiana de família ser a coisa mais importante.

Nota: 8,0

sexta-feira, 9 de julho de 2010

91 - O Desprezo (Le Mépris, 1963)


Não tem erro. Uma combinação belíssima de cores fortes, mar mediterrâneo, metalinguagem e Brigitte Bardot. Ainda de bônus tem Fritz Lang interpretando a si mesmo.

Desprezo é o que a personagem de Bardot vem a sentir pelo seu marido, que não é capaz de se impor, ou manter sua integridade artística perante um produtor de cinema americano. Godard lança farpas sobre o processo de fazer um filme.

Nota: 9,0

quinta-feira, 8 de julho de 2010

90 - Sabine Kleist, 7 anos (Sabine Kleist, sieben Jahre..., 1982)


Não é novidade no cinema explorar o imaginário infantil e lançar o olhar de uma criança sobre uma situação política difícil. O que eleva "Sabine Kleist" ao sublime é a menina Sabine. Esse é o único filme da alemã Petra Lämmel, que interpreta a garotinha.

Ela foge do orfanato em que mora e faz uma jornada pela Alemanha Oriental, encontrando dos mais diversos personagens. O filme é completo, não tem nada fora do lugar e emociona o tempo inteiro. Talvez o melhor que vi esse ano.

Destaque para a cena em que ela encontra o garoto polonês e outra em que é acusada por um senhora de estar roubando num mercadinho. Selo de garantia do blog 1000 filmes. Perfeito.

Nota: 10

quarta-feira, 7 de julho de 2010

89 - Para Minha Irmã (À Ma Soeur, 2001)


Catherine Breillat está de volta! Mais um filme pra deixar aquela sensação misturada no estômago. Admiro ela, gosto desse olhar verdadeiro e até irritante de sua câmera, sempre nos mostrando coisas que nós imaginamos, nos perguntamos, mas... nem sempre gostaríamos de ver num filme.

Acredito que ela faz filmes para se assistir sozinho, é isso que ela fez. E me parece que até a pior coisa que ela faça vale uma conferida no meio da madrugada, sozinho. Em "Para minha irmã" ela novamente explora uma mulher (como faz bem isso), uma menina gordinha e a relação com sua irmã. Ponto alto para momentos longos, insistentemente constrangedores e atuações na medida.

Nota: 9,0

88 - Infiel (Trolösa, 2000)


Houvesse sido dirigido por Bergman, acho que o filme seria melhor. Eu sei, você deve estar pensando que eu elogio demais esse diretor e estou perdendo o discernimento. Mas é que algumas coisas aqui ficam claras.

Primeiro que o filme foi longo demais, o que não possibilitou que as cenas densas tivessem ainda mais força. Há muito diálogo repetitivo e Liv Ullman como diretora poderia se valer melhor do roteiro do que ela fez, poderia fazer cortes ou mesmo junção de duas cenas. Deu a impressão de que tudo foi filmado da mesma forma, linha por linha até o filme chegar ao seu final.

Mas o filme acaba sendo bom, pois tem um roteiro legal e boas ideias para explorar. Só acho que esse tema daria resultado melhores. Fato interessante é que a casa onde conversam o diretor e a atriz fica na ilha de Färo e é a casa onde Bergman viveu nos últimos anos de sua vida.

Nota: 7,5

87 - Zazie no Metrô (Zazie dans le Métro, 1960)


Gargalhadas mil. Louis Malle em grande forma fazendo uma comédia caótica e louca com uma garotinha super carismática, a Catherine Demongeot. Tem até uma piadinha com a Nouvelle Vague no começo do filme.

É ótimo. O clima de loucura vai escalando para um final absolutamente sem controle. Repleto de cenas impagáveis, esse filme é obrigatário para você que curte o diretor e que gosta de ver o circo pegar fogo.

Nota: 10

terça-feira, 6 de julho de 2010

86 - Sonata de Outono (Höstsonaten, 1978)


Este filme de Bergman trata do acerto de contas de mãe e filha. A mãe é Ingrid Bergman, uma famosa pianista que não ofereceu a devida atenção a sua filha, Liv Ullmann.

Um drama sutil à Bergman e bastante amargo à medida em que vai progredindo. Atuações irretocáveis das duas, mas acho isso meio besta de se dizer a esse ponto.

O filme parece nos querer mostrar o tamanho da mágoa que Eva sente, algo que já não tem conserto, é como se ela quisesse que sua mão soubesse disso. O filme tem tons de outono do hemisfério norte. Tenho que aprender a falar sobre filmes de Ingmar se me repetir muito em elogios intermináveis.

Nota: 9,0

85 - Ervas Daninhas (Les Herbes Folles, 2008)


Muito legal essa ideia de como o acaso tem um poder transformador em nossas vidas. O filme fala disso de um jeito bem solto e divertido. Um mero acontecimento que se transforma em obsessão, que se transforma em mágoa e depois volta a ser obsessão. Daí já tem tanta gente envolvida que você acha aquilo tudo bastante normal.

Este filme de Alan Resnais vai ficando melhor a cada momento. As particularidades e nuances em transformação dos dois personagens centrais são bem interessantes. O final brinca bastante com a direção bizarra que os acontecimentos em nossa vida podem tomar. As imagens são bem agradáveis aos olhos, com boa composição, praticamente em todos os takes.

Só não sou muito fã desse aspecto meio ensaboado que tem o filme. Dá a impressão de que estou vendo uma novela, de que liguei às 15h da tarde na TV5. Vale muito a pena.

Nota: 8,0

84 - Não Matarás (Krótki Film o Zabijaniu, 1988)


Kieslowski é fantástico. Se você ainda não o conhece, aconselho veementemente. "Não Matarás" é mais um exemplo de boas imagens e intricadas emoções humanas.

A fotografia avermelhada é interessante e a cena da morte do taxista é deveras forte. Seria um filme irretocável se não fizesse parte do corpo de obra deste diretor, que é praticamente impecável.

Nota: 8,5

segunda-feira, 5 de julho de 2010

83 - Não Amarás (Krótki film o milosci, 1988)


Todo o talento de Kieslowski está presente e jorrando da tela nesse filme irretocável que é "Não amarás". Fruto de uma série de 10 episódios para a TV chamada "Decálogo", em que cada capítulo versava sobre um mandamento da bíblia, e considerado um dos mais importantes produtos cinematográficos do mundo, este filme é sublime em todas as suas imagens.

Atuações estupendas dos dois personagens centrais nos sugam para a trama como algum passante que para e vê os dois conversando numa esquina ao acaso. Vamos destacar Olaf Lubaszenko como o adolescente apaixonado. Espero não exagerar, mas acredito que seja uma das atuações mais comoventes que já vi no cinema. Momentos brilhantes acontecem quando ele corre em círculos na praça em frente ao edifício de Magda, com o carrinho de garrafas de leite, e quando ele finalmente entra no apartamento dela.

O final eleva o filme a uma categoria mágica. Sim, você estava achando o filme ótimo, mas o minuto final faz ele transcender a esfera do cinema e entra dentro de você como uma ideia misteriosa, como algo que estivera sempre adormecido há muito dentro de você. Este filme é para ter consigo e rever em vários momentos da vida, uma obra de arte com poder imenso de comover e nos tirar de uma linearidade de sentimentos.

Nota: 10

82 - Coisas Que Nunca Te Disse (Cosas Que Nunca Te Dije, 1996)


O segundo longa metragem da diretora Isabel Coixet já trazia alguns dos elementos mais característicos da diretora. Personagens perdidos em suas rotinas aparentemente vazias, voz off mais poética e abstrata, lugares distantes.

É um belo filme, e algo como um prenúncio dos próximos que estavam por vir. Só não é ótimo, mas vale para entender como o corpo de obra de um diretor específico vai tomando forma.

Nota: 7,0

81 - Choke - No Sufoco (Choke, 2008)


Choke é baseado no livro homônimo do escritor Chuck Palahniuk (Clube da Luta), e parece, numa primeira impressão, possuir todos os ingredientes para um filme estranho, divertido e até profundo.

Pena dizer que o filme não é nenhuma dessas coisas. Nunca vi um diretor errar tanto a mão quanto nesse filme. Cansativo de assistir, a gente não consegue sentir empatia por nenhum dos personagens. Sam Rockwell é o melhor em cena, mas, mesmo ao lado de Anjelica Huston, não é capaz de salvar a obra.

Desaconselho pesadamente este pobre feito repetitivo, redundante e vazio de qualquer característica que o redima. Você poderá contar em três dedos os momentos de comédia e é bom mesmo arranjar uma distração durante a tediosa uma hora e quarenta de exibição. Selo de extremamente decepcionante.

Nota: 4,0

domingo, 4 de julho de 2010

80 - Minha Bela Dama (My Fair Lady, 1964)


Musical com Audrey Hepburn bem divertido, baseado no livro Pigmalião de George Bernard Shaw. Comecei achando ela muito legal e engraçada no papel de Eliza Doolitle e seu sotaque cockney, mas o fato de ela não cantar praticamente nenhuma das canções é meio decepcionante.

Devem ter imaginado que ela traria bastante elegância ao personagem quando transformado em mulher da alta sociedade e funcionou sim. Audrey está bem bonita e elegante.

Nota: 7,5

79 - Almas Em Suplício (Mildred Pierce, 1945)


A atuação de Joan Crawford nesse filme lhe valeu o Oscar de 1946. Seu personagem é dessas mulheres determinadas que a despeito de todas as dificuldades conseguem dar a volta por cima e ter sucesso financeiro, um mundo geralmente representado como masculino.

Seu fraco é a filha ingrata, por quem tem um amor incondicional que a pode levar à ruína. Filme nos moldes noir. Vale a pena sempre prestar atenção em como a mulher é representada no cinema. Se tem sucesso financeiro tem que ser solteira, pois é incapaz de conciliar as duas coisas e, mesmo com todo o sucesso, ainda se encontra refém de suas emoções e pode se tornar alvo de malfeitores.

Nota: 8,0

sábado, 3 de julho de 2010

78 - Budapeste (2009)


Este filme brasileiro, baseado no romance de Chico Buarque, derrapa e derrapa. A gente fica lá torcendo pra gostar, torcendo pra sentir algo de interessante, qualquer coisa de poesia nas imagens. Mas parece que não dá. O roteiro puxa muito pro lado da literatura, os offs, algumas coisas patéticas como takes de frases pixadas no muro (poesia urbana, argh!).

Fica a sensação de que o cinema brasileiro não consegue nunca ser sutil, ser profundo. Os poucos bons momentos ficam com a confusão mental do protagonista e as belas imagens da cidade de Budapeste que por si só já proporciona toda composição necessária para um fotógrafo médio.

A cena final é de embrulhar o estômago, de um mal gosto gritante. Joga fora todo o pouco mérito do filme.

Nota: 5,5

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