Se não é considerado o primeiro filme neorealista italiano, é tido como um dos primeiros gestos mais contundentes nesse caminho. Trata-se do quinto filme de Vittorio De Sica. Menos conhecido do que a obra-prima devastadora "Ladrões de Bicicleta", porém com semelhante esmero e carga emotiva.
A criança do filme, interpretada pelo ator Luciano de Ambrosis, é fantástica. Grandes olhos desprotegidos que te vão partir o coração em diversos momentos do filme. O pequeno Prico ama os pais. A gente começa vendo um passeio delicado no parque e, de repente, Prico encontra a mãe conversando com um estranho. Cena muito bonita em que uma bolha de proteção parece ter subitamente estourado, aquele conhecido mundo cheio de conforto do garoto acabou de ser invadido por uma força desestabilizadora - que podemos entender simplesmente como a vida "acontecendo", cheia de desordem e caos. Um amante da mãe surge no seio da família.
A cena final é um dos momentos mais bonitos do cinema de que tenho lembrança. Dessas cenas que te acompanharão para sempre onde você for, que te coloca em contato com algo bem mais importante do que uma simples peça cinematográfica. Isso, para mim, eleva o valor artístico ao patamar que todos deviam visar na feitura de uma obra. Filme belíssimo.
Nota: 10
Um comentário:
Este filme é sublime! O cinema italiano é demais. Pelo menos o antigo, pois não conheço nada do atual além de Tornatore (que gosto bastante).
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